Há dias em que tudo parece mais escuro. Há dias em que um desconforto enorme toma conta de nós e nos provoca um mau-estar insuportável. Há dias em que sofremos muito e temos vontade de chorar.
O dia em que a minha avó morreu foi assim, foi como se me tivesse caído o mundo aos pés e eu não o pudesse apanhar nunca mais. Foi como se alguém me tivesse pegado no coração e o tivesse torcido até sangrar. Lembro-me de estar sentada na minha cama a olhar para a parede e a sentir-me vazia, lembro-me de ter começado a chorar pouco depois e de me sentir cada vez mais oca! Não sei se senti raiva, não sei se imaginei a vida sem a minha avó, sei que senti que a minha avó tinha morrido e que não havia nada que a pudesse trazer de volta. Pedi a Deus que ma trouxesse e, mais tarde, pedi a Deus que a guardasse, que lhe tirasse o sofrimento dos últimos meses. Dei por mim a passar-lhe o creme nas mãos e a olhar para ela, sentada no sofá, doente e atenta. Naquele dia o meu mundo desabou e as lágrimas corriam-me pela cara como se não houvesse amanhã, e não havia amanhã.
Hoje também foi como se não houvesse amanhã, hoje doeu quase tanto como no dia em que as vozes tremiam e os olhos estavam vazios.
Hoje faz 6 meses que a minha avó morreu e o dia foi cinzento!

guardo-lhe o sorriso, o sorriso da Avó Lala