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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

entre caminhos como peregrina...

Vieira de Santiago - guia no caminho
"Caminham em filas ao lado das estradas nacionais, por trilhos de terra batida, atravessando pequenos povoados que antes desconheciam, cruzando horas e horas a paisagem de giestas e silêncio. Têm em português um nome que deriva de uma forma latina: Per ager, que significa "através dos campos"; ou Per eger, "para lá das fronteiras". Definem-se, assim, por uma extraterritorialidade simbólica que os faz, momentaneamente, viver sem cidade e sem morada. Experimentam uma espécie de nomadismo: não se demoram em parte alguma, comem ao sabor da própria jornada, dormem aqui e ali. Num tempo ferozmente cioso da produção e do consumo, eles são um elogio da frugalidade e do dom. Relativizam a prisão de comodismos, necessidades, fatalismos e desculpas. E o seu coração abre-se à revelação de um sentido maior.
A verdade é que é difícil ter uma vida interior de qualidade, se nem vida se tem, no atropelo de um quotidiano que devora tudo. Na saturação das imagens que nos são impostas, vamos perdendo a capacidade de ver. No excesso de informação e de palavra, esquecemos a arte de ouvir e comunicar vida. Damos por nós, e há, à nossa volta, um deserto sem resposta que cresce. E quando nos voltamos para Deus, parece que não sabemos rezar. Estes peregrinos que tornam a encher as estradas de Santiago assinalam-nos o dever de buscar a estrada luminosa da própria vida. Já não separam a existência por gavetas estanques, mas o seu corpo e a sua alma respiram em uníssono. A oração torna-se natural como uma conversa, e as conversas enchem-se de profundidade, de atenção, de sorrisos. A parte mais importante dos quilómetros que percorrem não está em nenhum mapa: eles caminham para um centro invisível onde pode acontecer o encontro e o renascimento.
Queria dedicar este texto a um amigo que fez a sua primeira peregrinação. A meio do caminho enviou-me uma mensagem a dizer: «Aprendo a rezar com os pés».
José Tolentino Mendonça


O caminho faz-se de vida!
O p.Rui dizia que o caminho não é mais do que a estufa da nossa vida e que era ali que nos íamos descobrindo!! "É aqui que vos conhecemos porque é aqui que as personalidades vêm ao de cima, é no caminho que vemos como reagem à dor, como se entreajudam e como convivem!" dizia ele numa conversa que teve connosco e que se seguiu de um abraço dos bons, o dos 16 anos..
O caminho faz-se de lágrimas e sorrisos, dor e gargalhadas, de olhares que reflectem o medo e, por vezes, o desânimo! O caminho não se faz da força de duas pernas, nem da resistência de muitos anos de desporto, muito menos de uma alma sozinha, porque o caminho só se faz com a força de muitas pernas (dos que caminham ao nosso lado e dos que caminham connosco), com a resistência de muitos laços e muita amizade e, sobretudo, com a alma cheia de sorrisos! E, no fundo, a bagagem de quem caminha não é mais do que um coração cheio de amor de todos aqueles que já caminharam, dos que caminham e dos que caminharão connosco nesta vida que, para mim, já vai nos 16 anos e uns dias!
No fim, na alegria da chegada, concluí que, também eu, tinha aprendido a rezar com os pés!

:)

Catedral de Santiago de Compostela - destino para tantos

2 comentários:

Ondina disse...

"Rezar com os pés"... bonita expressão deste Deus que nos proporciona muitas e belas maneiras de nos encontrarmos, com Ele e com os outros.
Tenho a certeza que voltaste de coração cheiiiiio!

bjinho e abraço apertadinho

Sónia Neves disse...

Ainda nao tinha tido oportunidade de escrever neste teu "livro" virtual... Mas eis que este post me deu vontade, porque "também dei uma perninha" nesse caminho!
Foi muito especial!

Bjinhos,
Sónia