"Há experiências que gostamos de fazer." Das diferenças que nos unem e dos 13 anos que nos separam vamo-nos tran(e)screvendo aqui. Entre o arco-íris do céu e os girassóis dos campos vamos trocando sonhos, certezas e desabafos. Sabemo-nos sempre à distância de um email e é isso que vamos trazer aqui.
Por entre as nuvens de um domingo de Abril...
De: Catarina Pereira catarinaspereira@gmail.com
Para: Maria Tarrinha
Data: 19 de Abril de 2009 15:51
Assunto: Um domingo de Abril
Querida Maria,
Escrevo-te com o vento a baloiçar o verde de plátanos à minha frente, o céu que amanheceu limpo começa agora tolher-se de nuvens e a luz do sol, que cedo me acordou, desligou-se no céu para dar lugar ao cinzento de um Abril que tem feito jus ao ditado popular. Sozinha, por alguns minutos, consigo sossegar. Fazem-me falta estes encontros comigo, desde que sou mãe que é cada vez mais dificil estar comigo, a sós. A minha vida corre a um ritmo que de tão preenchida, de pessoas, ideias e projectos, me deixa muito pouco tempo de serenidade. O Rui dizia-me ontem à noite que a Oração de Taizé, na sexta-feira, foi a melhor hora do último mês, eu aproveito a deixa e confesso-te que este email está a ser a melhor caixa de texto para acalmar a ansiedade do que está por fazer.
Domingo é um dos meus dias preferidos da semana. Uma manhã onde caiba o vagar de um amor matinal que conversamos, um pequeno-almoço no terraço, um jornal de leitura comentada e uma ida à missa enchem as medidas da nossa família. Como a rotina tem dificuldade em encaixar na nossa vida as manhãs de domingo acabam por ser aquilo que mais se aproxima do sossego do que se repete e se pode esperar. Há quase sempre um telefonema que traz um convite para almoçar e a tarde começa em casa dos pais do Pedro ou os dos meus.
Hoje foi ligeiramente diferente, o Salvador ficou a dormir em casa de um casal amigo onde ele cultiva uma amizade que apesar da diferença de idades vai crescendo,e isso transformou a nossa manhã. Eu e o Pedro conseguimos acordar depois das 9h, conversar sem interrupções sobre alguns dos projectos que preenchem as nossas agendas e começar a manhã com mais calma do que é costume. Encontrámos um Salvador radiante na banheira, o mesmo que em menos de 30 segundos se transformou em irritante insuportável! Birra para sair do banho, berreiro para vestir, gritaria para entrar no carro, enfim...uma dor de cabeça a crescer miudinha. O relato feito pela minha amiga de um serão divertido, com a curiosidade de quem com 3 anos se adapta com facilidade e passa uma noite fora dos pais e dos avós, descansou-me. O número da despedida vem confirmar uma nova fase que inaugurámos com ele há 15 dias: birras!
De todas as situações com que já fui confrontada, na novidade de aprender a ser mãe, está a ser a mais difícil de gerir. O barulho, o ridículo, os nervos, a ausência de compreensão que reveste a situação que resulta numa birra, irrita-me e fico incapaz de reagir estrategicamente. Apesar de eu e o Pedro acertarmos a estratégia e com a troca de olhares afinarmos os comportamentos, estas situações fazem-me cabelos brancos. Envelheço 10 anos com a impossibilidade de não conseguir demover o meu próprio filho à razão da situação e ao esclarecimento pacífico do que quer que seja. Adiante.
O domingo vai a meio e com ele ainda o tempo de esquecer mais uma mecha de velhice e aproveitar o resto de um sol que insiste em se fazer notar nos interstícios do cinzento!
Não queria estar a aborrecer a tua juventude com coisas de mãe, mas são destes problemas de aprender a crescer, como mãe, que também se faz a vida da Catarina. Com irmãos mais novos por perto estes temas ainda te serão muito familiares...ou não?
Nada como te desejar uma semana feliz para ela começar por aqui já a nascer.
Abraço ternurento da família Girassol
Boa semana
Escrevo-te com o vento a baloiçar o verde de plátanos à minha frente, o céu que amanheceu limpo começa agora tolher-se de nuvens e a luz do sol, que cedo me acordou, desligou-se no céu para dar lugar ao cinzento de um Abril que tem feito jus ao ditado popular. Sozinha, por alguns minutos, consigo sossegar. Fazem-me falta estes encontros comigo, desde que sou mãe que é cada vez mais dificil estar comigo, a sós. A minha vida corre a um ritmo que de tão preenchida, de pessoas, ideias e projectos, me deixa muito pouco tempo de serenidade. O Rui dizia-me ontem à noite que a Oração de Taizé, na sexta-feira, foi a melhor hora do último mês, eu aproveito a deixa e confesso-te que este email está a ser a melhor caixa de texto para acalmar a ansiedade do que está por fazer.
Domingo é um dos meus dias preferidos da semana. Uma manhã onde caiba o vagar de um amor matinal que conversamos, um pequeno-almoço no terraço, um jornal de leitura comentada e uma ida à missa enchem as medidas da nossa família. Como a rotina tem dificuldade em encaixar na nossa vida as manhãs de domingo acabam por ser aquilo que mais se aproxima do sossego do que se repete e se pode esperar. Há quase sempre um telefonema que traz um convite para almoçar e a tarde começa em casa dos pais do Pedro ou os dos meus.
Hoje foi ligeiramente diferente, o Salvador ficou a dormir em casa de um casal amigo onde ele cultiva uma amizade que apesar da diferença de idades vai crescendo,e isso transformou a nossa manhã. Eu e o Pedro conseguimos acordar depois das 9h, conversar sem interrupções sobre alguns dos projectos que preenchem as nossas agendas e começar a manhã com mais calma do que é costume. Encontrámos um Salvador radiante na banheira, o mesmo que em menos de 30 segundos se transformou em irritante insuportável! Birra para sair do banho, berreiro para vestir, gritaria para entrar no carro, enfim...uma dor de cabeça a crescer miudinha. O relato feito pela minha amiga de um serão divertido, com a curiosidade de quem com 3 anos se adapta com facilidade e passa uma noite fora dos pais e dos avós, descansou-me. O número da despedida vem confirmar uma nova fase que inaugurámos com ele há 15 dias: birras!
De todas as situações com que já fui confrontada, na novidade de aprender a ser mãe, está a ser a mais difícil de gerir. O barulho, o ridículo, os nervos, a ausência de compreensão que reveste a situação que resulta numa birra, irrita-me e fico incapaz de reagir estrategicamente. Apesar de eu e o Pedro acertarmos a estratégia e com a troca de olhares afinarmos os comportamentos, estas situações fazem-me cabelos brancos. Envelheço 10 anos com a impossibilidade de não conseguir demover o meu próprio filho à razão da situação e ao esclarecimento pacífico do que quer que seja. Adiante.
O domingo vai a meio e com ele ainda o tempo de esquecer mais uma mecha de velhice e aproveitar o resto de um sol que insiste em se fazer notar nos interstícios do cinzento!
Não queria estar a aborrecer a tua juventude com coisas de mãe, mas são destes problemas de aprender a crescer, como mãe, que também se faz a vida da Catarina. Com irmãos mais novos por perto estes temas ainda te serão muito familiares...ou não?
Nada como te desejar uma semana feliz para ela começar por aqui já a nascer.
Abraço ternurento da família Girassol
Boa semana
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